Trabalhar com alunos com altas habilidades pode ser um grande problema para os professores, que, muitas vezes, não têm tempo e ferramentas suficientes para identificar esses talentos durante o convívio escolar. Para tratar sobre o tema, Guilherme Hartung, defensor da educação baseada em projetos, será um dos palestrantes da mesa Como Lidar com Jovens Talentosos dentro da Escola, que acontece dia 29 de janeiro, em São Paulo, durante a Campus Party 2013 – um dos principais eventos voltados à inovação tecnológica, internet e entretenimento eletrônico do mundo. A palestra vai abordar como os educadores podem identificar, estimular e desenvolver o potencial desses jovens e também como transformar a sala de aula em um espaço inovador e criativo.
Segundo Hartung, que atua como professor de ensino médio em uma escola pública, em Petrópolis (RJ), para lidar com esses jovens, normalmente com perfis e características bastante distintas – como precocidade para ler, grande capacidade para resolver problemas ou excesso de criticidade – é preciso que o professor assuma o papel de psicólogo, ou seja, acompanhe mais de perto esses alunos, entendendo suas necessidades extra classe e também trabalhe para manter o equilíbrio da sala, já que muitos estudantes podem se sentir “superiores” aos colegas.
Para Hartung, que também trabalha como orientador tecnológico na Secretaria Estadual de Educação do Rio, o professor precisa ainda estar preparado para motivar esses alunos e dar orientações dirigidas sobre cursos e atividades que podem realizar autonomamente.
De acordo com o Censo Escolar, produzido pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), em 2009, no Brasil existiam 2.769 estudantes portadores de altas habilidades, o que corresponde a 0,004% dos mais de 55,9 milhões de alunos dos ensino básico no país. Mas, para Hartung, esse número poderia ser maior, caso não fosse a ausência de informação e sensibilidade dos professores quanto às habilidades dos alunos.
“Muitos estudantes talentosos continuam escondidos porque falta preparo dos professores para identificar o seu potencial. É preciso que a escola desenvolva estratégias que, ao em vez de comprometerem o rendimento, estimulem o desenvolvimento deles”, afirma Hartung.
Para isso, ele aposta na educação baseada em projetos como uma das alternativas para inovar em sala de aula, além de identificar e potencializar as aptidões dos alunos. É o que ele busca fazer, por exemplo, em um projeto que desenvolve há anos com seus estudantes, no qual eles programam jogos educativos e criam personagens em 3D. “Se o aluno não quiser programar, ele pode aprender a editar músicas para os jogos ou desenhar com as ferramentas de edição. É uma iniciativa que dá diferentes alternativas para potencializar as habilidades de jovens com diferentes perfis”, diz.
Pródigos programadores
Pedro Franceschi, 18, é um desses jovens talentosos que também participará da mesa na Campus Party . Aos 8 anos, já realizava seus primeiros experimentos em C e C++ – linguagem de programação que leva instruções para o computador. Assim que a Apple lançou o iPhone, há cinco anos, descobriu como hackeá-lo. Hoje, o jovem que estuda o 2o ano do ensino médio, trabalha em uma empresa de telecomunicações no Rio.
Franceschi vem aprendendo programação fora da escola porque não existe esse opção no currículo, apesar de alguns especialistas em inovação em educação apostarem no ensino de programação como algo essencial nos dias de hoje. É o que reforça Hartung, ao lembrar que no fim da década de 1980, quando os computadores ainda eram raros, as pessoas antes de usá-los passavam por aulas ou buscavam conhecimentos mínimos de programação, hábito que se perdeu. “Os jovens estão se tornando apenas consumidores de tecnologia, sem pensar no que acontece por trás, como tudo funciona. A programação é fundamental para o estimular raciocínio lógico e matemático”, diz.
É o que tem feito Lucas Teske, jovem que também contará sua experiência na palestra. Com apenas 21 anos, ele se dedica às aulas de sistema de informação na UFSCar (Universidade Federal de São Carlos) e à empresa fundada por ele próprio, na qual presta serviços de consultoria em TI. “Vou destacar minha experiência até hoje nesse âmbito. A ideia é tentar ajudar os jovens a saberem como lidar com as situações adversas na escola e na vida”, diz.
Fonte: porvir.org
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